Um palestino morreu nesta sexta-feira (23) vítima de disparos do
exército israelense no sul da Faixa de Gaza, a primeira vítima fatal
desde o início do cessar-fogo na quarta-feira (21) à noite, informou o
serviço de emergências do território palestino governado por Hamas.
nuar Abdelhadi Qdeih, de 21 anos, morreu por disparos israelenses
perto da fronteira entre Gaza e Israel. Além disso, sete palestinos
ficaram feridos na localidade de Juzaa, ao leste de Khan Yunes, informou
à AFP o porta-voz do serviço de emergências de Gaza, Adham Abu Selmiya.
Ao todo, 164 palestinos, incluindo 37 crianças e 11 mulheres, foram
mortos na ofensiva. Do outro lado, morreram 6 israelenses - 4 civis e 1
militar.
"Sete civis foram feridos a tiros pelas forças de ocupação que abriram
fogo contra um grupo de agricultores en Juzaa. Um deles está em situação
grave", disse Selmiya.
De acordo com testemunhas, os soldados israelenses atiraram da posição
militar de Kisufim contra um grupo de palestinos, agricultores em sua
maioria, que tentavam chegar a suas terras, perto da fronteira, área
proibida pelo exército israelense.
Um porta-voz do Hamas, grupo islâmico que governa Gaza, acusou Israel
de violar a trégua mediada pelo Egito, e disse que o grupo vai se
queixar ao Cairo. Uma porta-voz militar israelense disse que as Forças
Armadas estão verificando o incidente.
O primeiro-ministro do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, pediu
nesta quinta-feira (22) às diferentes facções palestinas que respeitem a
trégua estabelecida na véspera com Israel.
"Saúdo as facções da resistência que têm respeitado o acordo desde que
entrou em vigor e peço a cada uma que a respeitem e atuem em
consequência", disse Haniyeh em um discurso na Cidade de Gaza.
O território palestino tentava voltar à sua rotina nesta quinta, depois
que o cessar-fogo interrompeu oito dias de bombardeios israelenses.
Habitantes do território palestino, que na véspera comemoraram a trégua,
saíam às ruas, e o comércio da capital funcionava normalmente.
Mas efetivos da polícia do Hamas e homens armados de outras forças de
segurança continuavam nas ruas, ao mesmo tempo que autoridades
israelenses alertavam que, se necessário, as operações militares podem
ser retomadas.
Israel começou nesta quinta a retirar suas forças militares que se
preparavam para invadir a Faixa de Gaza. Tanques empoeirados e
escavadeiras blindadas foram içados para veículos de transporte e assim
deixaram os bosques de eucaliptos desordenados, onde já haviam acampado
antes de invadirem Gaza em 2009.
Israel diz que os militantes dispararam 1.500 foguetes, dos quais dois
causaram vítimas fatais. Alguns desses projéteis são caseiros, outros
são contrabandeados do Irã. Mas 84 por cento dos foguetes disparados de
Gaza foram abatidos em pleno voo pelo novo sistema israelense de defesa
antiaérea, chamado Cúpula de Ferro.
Entenda a crise
No dia 14 de novembro, uma operação militar israelense matou o chefe do
braço militar do grupo Hamas na Faixa de Gaza, Ahmed Jaabali. Segundo
testemunhas, ele dirigia seu carro quando o veículo explodiu.
Seu guarda-costas também morreu.
Israel afirma que Jaabali era o responsável pela atividade "terrorista"
do Hamas durante a última década. Após a morte, pedidos imediatos por
vingança foram transmitidos na rádio do Hamas e grupos militantes
menores alertaram que iriam retaliar. "Israel declarou guerra em Gaza e
eles irão carregar a responsabilidade pelas consequências", disse a
Jihad Islâmica.
No dia seguinte à morte de Jaabali, foguetes disparados de Gaza mataram
três civis israelenses, aumentando a tensão e ampliando o revide aéreo
de Israel - que não descarta uma operação por terra.
Os bombardeios da operação chamada de "Pilar defensivo" foram a mais
intensa ofensiva contra Gaza desde a invasão realizada há quatro anos na
região, que deixou 1.400 palestinos mortos e 13 israelenses.
Acredita-se que a metade dos mortos sejam civis, o que desperta
críticas à ação de Israel. O país alega que os membros do Hamas se
escondem entre a população civil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário